Autor(a): Jennifer Brown
Editora: Gutenberg
Páginas: 272
Ano de Publicação: 2012
E se você desejasse a morte de uma pessoa e isso acontecesse? E
se o assassino fosse alguém que você ama? O namorado de Valerie Leftman, Nick
Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam.
Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega
que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que
ajudou a criar. A lista com o nome dos estudantes que praticavam bullying
contra os dois. A lista que ele usou para escolher seus alvos. Agora, ainda se
recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura
realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Médio. Assombrada pela
lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento
com a família, com os ex-amigos e a garota a quem salvou, Val deve enfrentar
seus fantasmas e encontrar seu papel nessa história em que todos são, ao mesmo
tempo, responsáveis e vítimas.
♥♥♥
Minhas expectativas em relação à
obra eram altíssimas, ouvi falar muito bem a respeito e posso dizer, com
certeza, que a Jeniffer Brown não me desapontou. Gosto bastante de histórias
que abordam temáticas e conflitos pelos quais jovens adultos enfrentam em algum
momento da vida, seja no ambiente familiar, escolar ou amoroso. Enfim,
histórias reflexivas que nos fazem rever nossos conceitos, repensar nossas
atitudes, e, é claro, a Lista Negra consegue despertar isso no leitor.
A protagonista da história é a
Valerie Leftman, uma adolescente de 16 anos, que namora o Nick Levil, e ambos são
vítimas de bullying na escola por serem diferentes dos demais alunos.
Valerie, com o passar dos anos, se tornava cada vez mais distante e diferente
dos amigos de infância, passa a ficar muito sozinha e reservada, até que, certo
dia, Nick entra no colégio Garvin e esse cenário muda, eles se aproximam e
descobrem que tem muito em comum, até se tornarem namorados.
“...Ele era magro, encanado, e tinha um ar de “não estou nem aí”, que
as pessoas tendiam a levar para o lado pessoal”.
“...Como eu, ele não fazia parte da galera bacana e, como eu, não
queria fazer”. (p. 60)
As relações familiares dos dois adolescentes também
eram complicadas. Nick, filho de pais separados, e Val, apesar de ter seus pais
morando sob o mesmo teto, sente-se bastante sozinha.
“... Suas famílias não pareciam tão problemáticas como a minha. Não
conseguia imaginá-los sentindo a frieza de um lar como eu sentia, como se
saíssem para uma tempestade de neve toda vez que abrissem as portas de suas
casas”. (p.83)
Para extravasar sua raiva e
frustração, diante do constante bullying sofrido, Valerie começa a escrever em
seu diário vermelho tudo que não gostava, inclusive, os nomes das pessoas que,
de alguma maneira, a magoavam. Dessa forma, ela acaba por criar a chamada Lista
Negra, algo que mudaria sua vida para sempre. Nick, também passa a acrescentar
vários nomes no caderno e os dois passam a compartilhar esse segredo. Mas, o
que a Val não esperava, era que seu namorado levasse a lista tão a sério.
“Acho que em algum momento pensamos que a lista viria a ser publicada –
que poderíamos mostrar ao mundo como algumas pessoas podiam ser horríveis”.
(p. 86)
Em uma manhã, que parecia mais
uma como outra qualquer, após Val ter seu aparelho de MP3 quebrado por uma
“colega”, eles chegam à escola, vão à praça de alimentação e, nesse momento, Nick
armado, abre fogo contra os alunos escritos na lista negra, fazendo várias
vítimas. Valerie, desesperada, tenta detê-lo, e acaba ferida ao se jogar na
frente de uma das colegas que faziam bullying, e, nesse exato instante, vê seu
namorado cometer suicídio.
A narrativa começa nesse ponto,
na qual Valerie, após um período de repouso e acompanhamento psicológico, é
forçada a retomar sua vida e voltar ao colégio Garvin para terminar os estudos.
Ela está de volta, sujeita a todo tipo de julgamento, e ainda mais sozinha,
agora que Nick não faz mais parte da sua vida e não pode ajudá-la a enfrentar
outro dia de aula. Para o leitor, fica claro o quão difícil é para a personagem
voltar ao lugar onde a sua vida foi marcada de forma tão dolorosa, a intensa
carga emocional envolvida e as dificuldades a serem enfrentadas. À medida que a
história de cada personagem é desenvolvida, a leitura nos instiga a questionar
- Será que Valerie é tão culpada quanto Nick? Será que ela é só mais uma
vítima? Será que o Nick, também, pode ser considerado mais uma vítima, ou ele é
só um assassino?
“– Tudo bem se alguém deixar você vencer de vez em quando - disse ele,
ficando sério de repente. – Não precisamos ser sempre perdedores, Valerie. Eles
podem querer que a gente se sinta assim, mas nós não somos perdedores. Às vezes
também ganhamos”. (p. 60)
Achei a narrativa bem construída,
a forma como a autora introduz cada capítulo, retratando o ocorrido pela ótica de
um jornal local, o Tribuna, por meio de manchetes e trechos da tragédia, o que
dá um tom de veracidade a história. Gostei bastante da forma como a história é
contada, intercalada entre presente e flashes do passado, como a personagem
enfrenta toda a situação e, principalmente, a abordagem sobre o estrago e as
proporções extremas que o bullying pode provocar na vida das pessoas envolvidas nessa
condição.
No geral, o livro é muito bom, forte
e tocante. Tem uma escrita fluida e o leitor fica muito envolvido, querendo
saber sobre como tudo aconteceu, como a Valerie vai se desdobrar para retomar e
enfrentar o que está por vir, o julgamento e o preconceito das pessoas ao seu
redor. Senti falta apenas de um pouco mais da história do Nick, acredito que
poderia ser um pouquinho mais abordada, talvez esteja sendo um pouco exigente,
sei que é a vida da Valerie a ser contada, no entanto, isso não afeta o
desenvolvimento da história em si, seria um adicional ao enredo.
Indico A Lista Negra a todos que
gostam de histórias reflexivas e, principalmente, aos jovens inseridos no
cenário da obra, em idade escolar, por ser uma forma de demonstrar aos mesmos a
dimensão do dano que esse tipo de “brincadeira” pode provocar na vida das
pessoas vítimas de tais ações.
*RESENHA DA COLABORADORA CALINE
Gostei da narração da história . O bullying é a maior praga da nossa sociedade é vemos casos como esses acontecerem bem só nosso lado . Até onde a "maldade" conseguirá dizimar jovens e adolescentes dessa forma ? Obrigada pela indicação de leitura .
ResponderExcluirOlá, Adriana Silva!
ExcluirFico feliz que tenha gostado da indicação, sem dúvidas, é uma leitura que vale muito a pena. Realmente, o bullying é algo muito presente em nossa sociedade, no entanto, as pessoas não costumam dar a devida atenção a este tipo de problema. Na maioria das vezes, as vítimas não tem com quem contar e acabam se isolando, guardando tudo pra si, e isso é muito sério!
Abraço!!!
Obrigada pela visita e pelo comentário, Adriana Linda ♥♥♥
ExcluirBj!!!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJá ouvi muito falar sobre esse livro, contudo não tinha me interessado por ele, isso, até agora. Gostei muito da resenha, irei procurar lê-lo.
ResponderExcluirE, como se trata de uma temática tão importante, irei indicá-lo a alguns professores do colégio donde trabalho !
Parabéns e sucesso <3
Oi, Tássio!
ExcluirQue bom que gostou da resenha! Dê uma chance, A Lista Negra é um livro descrito de forma bem real, não é floreado, vale muito a pena a leitura.
Indique mesmo, esse livro deveria ser mais disseminado em escolas, trabalhado em sala de aula, em rodas de leitura...
Obrigado pela visita!
Beijo :)
Pequena curiosidade: eu li esse livro por 12 horas seguidas sem parar! Era 6h da manhã e eu chorando aos prantos! Que livro maravilhoso! Amei sua resenha!
ResponderExcluirlivrosemcena.blogspot.com.br
Obrigada, Ingritt, por ter gostado da resenha!
ExcluirO livro é sensacional e emocionante mesmo, impossível parar de ler! E aquele final? Aperta o coração!
Beijo!!!