Olá, leitores! Tudo bem?!
Hoje trago para vocês uma entrevista, mais que especial, com a autora nacional Josiane Veiga!
Primeiramente, gostaria de agradecer a Josi por ter aceitado o convite e por ter sido tão atenciosa. Então, vamos começar.
♥♥♥
Quando você percebeu
que queria ser escritora?
Aos onze, doze anos, eu escrevi meu primeiro livro. Foi para
um concurso escolar, e acabou sendo publicado na rede municipal. Não tinha certamente
o desejo de ser escritora, acho que eu sempre fui, apenas comecei nessa idade.
Qual o lado positivo e
negativo da profissão?
O negativo é a inveja, as pessoas que tentam te destruir, as
pessoas que se esforçam pra te desanimar. Têm muitas dessas nas panelas
literárias.
Mas, o positivo supera tudo, que é o retorno dos leitores, os
abraços, o carinho, as palavras de conforto, etc...
Quais as maiores
dificuldades que já enfrentou/enfrenta para continuar escrevendo?
Antigamente era o descrédito das pessoas. Ouvi da minha
falecida madrasta que eu nunca seria escritora, e que era muito trouxa por
acreditar nisso. Depois, já publicada, recebi muita negatividade de colegas de
profissão, gente que tentava a todo custo desmoralizar minhas obras.
Atualmente, são as dores. Desenvolvi muitos problemas por
causa da área, desde problemas de artrite, até depressão. Já estou em
tratamento de ambas.
Como é a relação com
seus leitores?
Eu sinceramente não tenho do que me queixar. Na bienal de São
Paulo, ganhei tantos abraços, beijos, carinho, que eu acho que recebi por toda
uma vida. E pela internet, o retorno é tão magnífico que às vezes paro e penso
se está acontecendo comigo mesmo.
Qual a posição da sua
família em relação à sua profissão como escritora?
Como qualquer profissão artística, as pessoas só acreditam
realmente na sua capacidade quando você passa a ganhar dinheiro com isso. Mas,
dentro de casa ninguém nunca me desmotivou.
Meu padrasto sempre me apoiou a ler, mesmo quando eu estava
desempregada, ele me dava dinheiro para comprar livros, e minha mãe sempre
torceu por mim. Hoje, são as duas bases que tenho para me manter na área.
Sei que escrever não é
o seu único trabalho. Como concilia ambas as atividades?
Um radialista me fez a mesma pergunta, completamente pasmo. Eu
acredito que muito é porque eu gosto de ambas as coisas. Amo meu emprego,
porque sei o que é o desemprego. Sei o que é procurar e não achar um local para
trabalhar. Então, valorizo muito. E também amo a literatura, amo o carinho das
pessoas e a forma como os olhos delas brilham quando sabem que eu sou a mãe de
Esmeralda, Shin ou Alexei...
Você é autora de
diversas obras, dentre elas, qual é a sua favorita?
Sem dúvida, Kinshi na Karada. É a obra da minha vida. Mas,
devo fazer um parêntese a Esmeralda. Sem esse livro, eu não teria o
reconhecimento que hoje tenho.
Seus personagens
principais são sempre singulares, com personalidades fortes e, muitas vezes,
peculiares. Qual deles vocês considera o mais complexo e por quê?
Shin Sakamoto de Kinshi na Karada. Ele é completamente
insano, estuprou três pessoas na duologia, se aliou aos nazistas, e sempre
humilhou quem o amava. Ao mesmo tempo, quando havia necessidade, era o único
que não fugia. Tem duas cenas dele que sempre me comovem. Quando Shiromiya iria
ser levado por um dos homens que o violentava, e quem estava com ele ignorou a
cena, Shin surgiu, com todos os seus defeitos, e o protegeu. E depois da
guerra, quando ele passou a cuidar de animais abandonados. Ninguém mais se
importava, então ele o fez. Shin era assim. Ele não escondia a podridão da sua
alma, mas havia também bondade nele. Ele demonstrou mais caráter e dignidade na
obra que quase todos os demais personagens.
Eu adoro a mitologia e
o mundo criado no romance de época, Esmeralda. De onde surgiu a ideia desse
universo? Você se inspirou em algo para criar esse cenário?
Criei Esmeralda há muitos anos na minha cabeça. Acho que foi
no ano de 1997 quando comecei a imaginar as cenas dela chegando ao castelo de
Bran e olhando o rosto de Iran. Mas, realmente, não lembro como foi que
apareceu. Minhas historias costumam vir do nada. Nunca tive inspiração externa.
Recentemente apenas descobri que o interior da Irlanda se assemelha demais as
terras de Masha, Cashel e Bran. Fiquei muito surpresa.
Qual foi a obra mais
difícil de ser escrita?
Cito duas: A Insígnia de Claymor e Jiyuu na Karada. A
primeira porque me afundei em inquisição, para transparecer o medo. A segunda
porque é muito difícil achar referências históricas sobre o Japão nos anos 50.
Na maioria de suas
histórias, é notável a presença de temas tabus e/ou assuntos considerados
polêmicos para a nossa sociedade, como a homossexualidade, o incesto, as várias
formas de abuso, etc. O que te motiva a incorporar esses temas aos seus livros?
Não faço ideia (rsrs). Tipo, essas coisas simplesmente
brotam. Exemplo, no meu último romance, Arrebatador, estava escrevendo uma cena
em que a mãe se recusa a dar de mamar ao bebê. Então, o texto devia ser algo
como “Mas sempre apareciam mulheres para lhe oferecer o seio”. Fiquei olhando
aquilo por horas, e dizendo: “Isso não sou eu... não escrevo assim”.
Subitamente notei que o problema estava na palavra “seio”, que era doce demais.
Troquei por tetas. “Apareciam mulheres para lhe oferecer as tetas” e adorei.
Mesmo em pequenos trechos, eu gosto de provocar o leitor. Fazê-lo sentir-se mal
na narrativa, e cativado, em outros momentos.
Gostaria que falasse um
pouco sobre a sua série de contos, a EroRomantic, e acerca de seus novos
projetos.
Eu sempre quis fazer contos eróticos. Só que está na moda o
hot sem muitos pudores. Acontece que eu não sou de escrever sobre ménages, ou
traições, etc. Eu gosto do romantismo, ao menos em contos. Então decidi fazer
meus contos hots, mas com romance no meio. Sei que não vai ser do agrado de
muitos, estou preparada para isso. É muito diferente da minha literatura crua
sobre históricos.
O novo projeto é outro romance histórico que começará em
2017. O título é O VILÃO, e só por aí você já deve imaginar que o protagonista
é o capeta kkk.
Você participou da
Bienal de São Paulo esse ano, como foi a experiência? Os leitores podem esperar
novidades para a Bienal do Rio, em 2017?
Foi o momento da minha vida. Ainda estou sob o efeito do amor
que recebi. Mal posso esperar para chegar setembro de 2017. Vou aproveitar que
é férias e vou com minha família. Ainda não tenho muito planejado, mas espero
conseguir um momento tão marcante quanto foi em 2016.
Quais são os seus
autores preferidos? Você se inspira nas obras deles?
Moacyr Scliar, Alexandre Dumas, Stephen King, José de Alencar
e Erico Veríssimo. Não me inspiro, só gosto de lê-los. Tenho um estilo que
beira ao sarcasmo, bem diferente deles.
Conte-nos quais os
livros favoritos da Josiane, leitora.
Eu ando lendo só mangas ultimamente. Eu já li muito nessa
vida, tenho dezenas de livros favoritos, mas vou citar o que começou tudo:
Sozinha no mundo, do Marcos Rey. Li ele aos 10 anos e me transformou na leitora
que sou hoje.
E, por fim, como autora,
qual é o seu maior sonho (ou objetivo, se preferir)?
Não tenho. Já alcancei tudo que esperei, até mais. Meu único
objetivo é me manter como autora, manter meus livros a venda, e continuar a
escrever mais.
♥♥♥
Conheça as obras da autora
♥♥♥
Esse foi o primeiro post do Novembro Nacional. Espero que tenham gostado da entrevista!
Abraço!
Fiquei meio chocada com o lado negativo da profissão que Josiane colocou. Tem muita gente venenosa nesse mundo e a internet espalha eles \o/ Parabéns a Josiane que consegue produzir apesar de tudo e tem uma obra cada dia mais vasta!
ResponderExcluirJaci
O Que Tem Na Nossa Estante
Pois é, Jaci, existem pessoas ruins e invejosas em todos os lugares e em todas as profissões. A Josiane é uma guerreira, conheço pouco de sua história, mas é o suficiente para saber que ela é uma batalhadora, que luta pelo que quer!
ExcluirAbraço!
Pois é Jaci, mas infelizmente é em todas as profissões. Li recentemente uma entrevista da Grazi Massafera que ela cita que, ao gravar, tinha colegas atrás das câmeras dizendo "Você não vai conseguir!". Mas, o lado positivo, que são os leitores, superam tudo.
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