[Resenha] O Pecador - Josiane Veiga

Título: O pecador
Autor(a): Josiane Veiga
Páginas: 284
Ano de Publicação: 2017
Formato: ebook Kindle 
Publicação Independente

Nas terras montanhosas de Cashel, príncipios antigos desejam renascer. Gideon cresceu à sombra de uma antiga religião. Acredita que os príncipios destruídos pelos Reis são a base para que a terra de Cashel volte a ser rica e próspera. A fome assola seu povo, a peste ceifa da criança ao ancião, e o jovem guerreiro busca por vingança. Os Deuses devem ser punidos por terem esquecido o povo de pele escura. Porém, tudo cai por terra ao conhecer a sobrinha do Rei. A morena de olhar intenso e temperamento difícil faz com que seu corpo exploda num desejo avassalador. A jovem Élen lhe é proibida. Amá-la é um pecado. Gideon não pode fugir da iniquidade.

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O pecador é o quinto volume da Saga dos Reinos. Muitos anos se passaram desde os acontecimentos do último livro (veja a resenha aqui). O rei Iwan continua a governar os três reinos – Cashel, Masha e Bran. Tal tarefa vem se mostrando cada vez mais árdua, especialmente quando um grupo fanático dentre o povo de Cashel vem defendendo a antiga lei, na qual as raças não poderiam se relacionar, uma vez que os nascidos dessa união seriam considerados impuros, “imundos”. Dessa forma, a seita comete atrocidades com as pessoas que não possuem o sangue puro de Cashel e com aqueles que se associam a eles, não importa o sexo ou a idade.

O nosso protagonista, Gideon, é uma figura importante dentro do grupo, o homem de confiança do sacerdote que “guia” essas pessoas. E seguindo uma ideologia deturpada Gideon faz barbaridades, pois acredita estar no caminho certo e mesmo que o seu coração seja assolado por uma angústia inexplicável, desde criança ele foi levado a crer que aquilo que fazia era correto. Afinal, somos o que cremos, a nossa fé, crença, o que nos é ensinado desde a tenra idade, é em que nos baseamos para construir nossas vidas e lutar nossas batalhas. É evidente que mudamos e que cada decisão tomada tem suas consequências.

“[...] era assim que o mal vencia. Nunca combatia de frente, usava da fé cega para manipular as criaturas a agirem uma contra a outra. Se eram uma mesma raça, porque guerreavam entre si? Não devia estar juntos, unidos, tentando tornar o mundo um lugar melhor?”

É impossível gostar de Gideon durante grande parte do livro — mesmo entendendo sua posição, uma vez que ele crê que está seguindo a lei de seu Deus, Cashel, e por isso não mede quão cruéis e desumanas são suas atitudes — ainda assim não consegui aceitar nenhuma delas e penso que essa não era a intenção da autora, pelo contrário, ele é um personagem criado para nos mostrar quão corrompido pode ser alguém guiado por uma ideologia que prega a desigualdade e a intolerância, mascarada pela fé em um ser superior.


O sacerdote que criou a seita é deveras persuasivo, seu discurso fervoroso e suas mentiras tão bem formuladas, convencem o povo e os leva a acreditar em suas insanidades. Mais uma vez a Josiane incorpora ao enredo crítica social e religiosa, mas nesse livro específico os ideais da raça pura uma vez proferidos por Hitler, servem de base para o desenvolvimento da trama, já que o grupo guiado por um fanático que deturpa ideias, segrega determinadas pessoas por não serem totalmente “puras”.

“— Dizem que os negros devem se casar apenas com negros e conceber crianças negras. Caso nasça alguma branca, deve ser imediatamente eliminada. Assim, com algum tempo, conseguiriam a limpeza racial que tanto almejam.”

Mas agora vocês me perguntam, e a mocinha cadê?! É, acho que me estendi falando do “mocinho” e de toda a carga “pesada” e reflexiva que envolve a posição dele na trama. Élen, da mesma forma que todas as protagonistas da Josiane Veiga, é forte e corajosa, ainda que não seja tão impetuosa de início, no momento certo ela sabe reagir e agir. Admirei o modo como ela soube enfrentar as situações difíceis às quais foi exposta. 

“A coragem nem sempre é demonstrada pelas atitudes visíveis, pelo erguer de uma espada. Muitas vezes, calar-se diante de um acontecimento, ou sofrer em silêncio para vermos felizes aqueles que amamos, é a coragem mais intensa e a bravura mais exemplar.”

A amizade que nasce entre a Élen e uma moça do grupo de fanáticos é muito bonita e verdadeira. O romance não é dos mais arrebatadores, mas ainda assim é crível e torci para que tudo desse certo ao final. Adorei o desfecho escolhido pela autora, apesar de ter ficado com o coração na mão, foi uma forma justa de lidar com os acontecimentos. 

Não preciso dizer que adoro a escrita da Josiane, mas quero destacar que por vezes, em algumas passagens de O pecador a narrativa nos remete a uma história de ninar, uma canção antiga que nos conta uma velha lenda. Fiquei realmente encantada nesses momentos e queria deixar registrado aqui.

Esse é o livro com mais mensagens e “pontes” feitas para o próximo volume. Ao mesmo tempo em que nos explica a finalidade de cada personagem criado até então, O pecador deixa várias outras perguntas, por isso é um livro muito importante nessa reta final da série.


Sobre a série:



A Saga dos Reinos é composta até o momento por 6 volumes, estando previstos mais dois livros. Cada história pode ser lida de modo independente, mas se você deseja conhecer toda a saga, indico que leia na ordem.

Leia as resenhas dos livros anteriores Aqui

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Com a leitura de O Pecador cumpri o primeiro item do #DesafioHistóricoseEu3:

- Ler um romance histórico que seja uma sequência.



2 comentários

  1. Cailes, emocionada com tanto carinho. Gosto muito desse livro, apesar de ele ser bem dificil dos leitores engolirem. Até mesmo a relação entre os protagonistas tem esse peso de forma proposital. Mas, creio que no último livro, quando tudo ser explicado pela ótica dos deuses, as coisas ficarao bem explicadas ♥ Mtooo obrigada

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    1. Oii, Josi♥
      Muito feliz que tenha gostado! Entendo que é complicada a relação dos dois, ainda assim, como disse na resenha, foi uma relação bem construída ao longo da trama e pela qual torci em determinado momento. Aguardando ansiosa pelos próximos livros! Logo irei ler O Peverso ♥

      Um abraço!

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