Autor: John Green | Editora Intrínseca | 272 Páginas | Youg Adult/Jovem Adulto
♥♥♥
Quando soube do lançamento de Tartarugas até lá embaixo não fiquei muito empolgada para fazer a leitura, pois a sinopse não me parecia nada atraente – duas garotas atrás de uma recompensa em troca de encontrar um milionário desaparecido – como assim John Green passa anos sem lançar nada e me aparece com um livro desses? Mas para meu engano, depois que vi algumas resenhas, tive conhecimento sobre o verdadeiro pano de fundo da história e fiquei bastante entusiasmada e curiosa para mergulhar de cabeça na leitura.
Aza Holmes é uma adolescente portadora de um transtorno de ansiedade que tenta, na medida do possível, levar uma vida como outra pessoa qualquer. Ao lado da mãe, da melhor amiga, Daisy, e de um amigo de infância acompanhamos o dia a dia da Aza, uma garota que vai fazer você enxergar as coisas da maneira como ela vê. Posso dizer com certeza que essa história não é sobre um grande amor, mas sim sobre uma personagem que precisa aprender a conviver com um transtorno que afeta demais quem ela é, e sobre uma grande amizade.
O John Green foi excelente em conseguir fazer com que o leitor fosse capaz de poder sentir o que a Aza sente. Ele retratou de uma forma tão verdadeira como é realmente difícil conviver com a doença, e deixou bem claro o quão difícil e exaustivo é travar uma batalha diária com você mesma, ou melhor, com uma parte sua desconhecida e que às vezes te domina sem que você tenha a chance de se recusar. Adentrar no mais íntimo da mente da Aza pode ser tão visceral e real devido a grande contribuição do autor, por sentir na pele o que a personagem enfrenta. Até o momento em que ouvi falar a respeito do lançamento livro, não tinha conhecimento de que o autor possuía a mesmo transtorno psicológico da personagem, daí a imensidão de detalhes e sentimentos proporcionados ao leitor.
A relação de amizade entre as duas personagens, apesar de serem amigas de longa data, achei que teve algumas situações forçadas e que não convinha. A Dayse para mim foi uma personagem que algumas vezes me irritou um pouco, e sei que Aza esteve distante em alguns momentos, mas parece que a Dayse não consegue realmente enxergar o que a amiga está vivenciando, ela está doente e se encontra em uma situação delicada. Mas apesar dos pesares, as duas tem uma grande história de amizade.
Sinto muito se não é divertido andar comigo porque vivo enclausurada na minha cabeça, mas imagina só como é estar presa na própria cabeça, sem ter como sair, sem ter nem um minuto de descanso. (p.203)
A trama apresentada na sinopse é meramente secundária (e ótimo não ser mais um road trip do autor) ao meu ver e não deve ser olhada com criticidade, pois acredito ter sido a forma encontrada pelo John Green para desenvolver a história. Quanto ao romance, achei a construção e a interação natural e singela, e o autor soube usar com maestria essa relação entre os personagens para demonstrar o quanto a Aza está fragilizada e refém de si mesma.
De maneira geral, a construção da personagem da Aza não poderia ter sido retratada de forma mais realista, perturbadora e verdadeira, isso para mim foi o centro da história. Mas ficaram algumas pontas soltas, algumas coisas em aberto, então se você é daquele tipo de leitor que gosta de um final com uma história amarradinha, com tudo bem resolvido e resposta para tudo, pode ser que você venha a sentir falta desse elemento na trama, mas para mim, sinceramente não fez diferença. Posso dizer com convicção que Tartarugas até lá embaixo é um livro que me ganhou facilmente e superou minhas expectativas!
Amei a resenha, seu blog é lindo!
ResponderExcluirMuito obrigada! ♥♥
ExcluirVolte sempre :-*
Obrigada mesmo!
ExcluirBeijos.